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NOV
26
26 NOV 2024
EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA EM DEBATE: UM MUNDO MELHOR É POSSÍVEL
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Um seminário inédito para educadores da rede municipal, debateu a Educação Antirracista, em dois dias (21 e 22/11), no Centro de Eventos do Parque Saint Hilaire. O 1º Seminário de Educação Antirracista: “Um Mundo Melhor é Possível”, celebrou o Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, levando conhecimento e instigando debates.
 
IMPACTO NO COTIDIANO ESCOLAR
A inclusão de políticas públicas antirracistas na sociedade brasileira ainda é muito recente. Em 2003, a Lei 10.639 entrou em vigor e alterou a Lei de Diretriz da Educação, tornando obrigatória a inclusão da história e cultura afro-brasileira na grade curricular do ensino fundamental e médio. Quem esteve conversando com os educadores sobre esse tema foi a Doutora em Antropologia Eliane Anselmo.
 
“Já se passaram 21 anos da Lei e ainda hoje tem colegas da educação que não entendem por que precisam trabalhar com a pluralidade. Então, por onde começar?”, questiona a Doutora. Eliane explica que as pessoas não se reconhecem racistas. “O primeiro passo é admitir que existe o racismo e fazer uma reflexão de como você se reconhece dentro de uma sociedade, dentro da uma escola, que nega a existência de diferenças. O segundo passo é trazer o movimento negro para dentro da sala de aula”
 
O IMPACTO DO CRIANÇA FELIZ/PIM NA VIDA DE CRIANÇAS NEGRAS
Para a pedagoga e supervisora do Criança Feliz PIM/Núcleo Monte Alegre, Mariane Ferreira Soares, a autoestima da criança começa a ser trabalhada desde a barriga da mãe, com conversas amorosas com o feto. “Quando o bebê nasce, ele precisa do toque, do carinho, do colo, do afeto para se sentir amado. O acompanhamento é feito até as crianças completarem os seis anos. Quando já são maiorzinhas, trabalhamos o empoderamento delas através do exemplo, porque crianças negras têm dificuldade de se sentirem bonitas e amadas. Trabalhamos também com o espelho, para perceber como elas se enxergam. Elas reproduzem o que os adultos falam dentro de casa e não gostam de ir para a escola porque não se sentem pertencentes”, explica Mariane.
 
A SAÚDE DA MULHER NEGRA
A enfermeira Glauce Araújo trouxe o tema “Racismo: o impacto na saúde da mulher negra”. Glauce inicia falando sobre a violência obstétrica, que muitas mulheres negras enfrentam e que pode desestruturar uma família. “Vocês sabiam que existe uma política de saúde especial para a população negra? A população negra tem problema de saúde específico, que foi desenvolvido há muitas gerações, como doença falciforme – cujo sintoma é dor nas articulações, anemia e estimativa de vida por volta dos 40 anos –, a hipertensão, pois o organismo não consegue metabolizar o sódio. Muitos trabalhadores em saúde não conseguem enxergar essa diferença”, explica. Glauce também ressalta que tem medicamentos que são contraindicados à população negra.
 
PROTAGONISMO NA LITERATURA
A escritora Ângela Xavier trouxe e falou sobre livros que exaltam o protagonismo negro na literatura infantil. Após, as escolas apresentaram as suas práticas em sala de aula. A coordenadora pedagógica da EMEI Valdir Jorge Elias, na Augusta, Caroline de Lima, contou como o tema antirracismo é trabalhado na escola. “Trabalhamos com bonecas negras, livros infantis com personagens negros para que as crianças consigam se reconhecer nas narrativas. Fazemos rodas de conversa com as famílias. O empoderamento acontece quando transformamos a dor em potência. A criança negra se reconhece na sua cor de pele, enquanto pessoa negra, quando é valorizada”, assegura.
 
JORNAL “UNIDOS PELA IGUALDADE”
A diretora da EMEF Nossa Senhora de Fátima, em Águas Claras, Luciene Amando, conta que o projeto iniciou em março deste ano, pela professora de história Walessa Porto. A professora trouxe conceitos, vídeos, documentários, mas percebeu que não estava funcionando. “Eles precisavam participar. Foi quando surgiu a ideia de um jornal produzido por um grupo de alunos, o Jornal Unidos Pela Igualdade, com temas e conteúdos produzidos por eles. O jornal deu certo e já está na segunda edição. É muito gratificante ver esse movimento na escola. No próximo sábado letivo, o grupo propôs a realização do 1º Fórum de Igualdade Racial, com uma roda de conversa e jogos com expressões para mudar o vocabulário popular”, ressalta Walessa.
 
ACOLHIMENTO
A diretora da EMEI Cisne Branco, na São Lucas, Célia Rodrigues, trouxe a prática de acolhimento que foi implementada há seis anos na escola. “Acolhemos com amor e carinho todas as mães. Fazemos rodas de conversa com psicólogos, psicopedagogos, uma vez por mês. Cada mês é um tema diferente. Já trouxemos mães de ex-alunos para conversarem com as mães de alunos para falarem sobre suas preocupações e saber como foi o desenvolvimento de uma criança logo ali na frente, com um problema semelhante.”
 
ASSISTÊNCIA SOCIAL
O tema “Contribuições no SUAS (Sistema Único de Assistência Social), para o enfrentamento do racismo", foi abordado pela assistente social, Ana Cláudia Bandeira. A servidora pública apresentou o trabalho, a trajetória e a estrutura do SUAS, que compõem a Assistência Social, destacando a importância das formações, assim como o seminário. Ela também lembrou como era difícil falar sobre o racismo, anos atrás: “Hoje vivemos um novo formato, graças às políticas públicas e afirmativas”. Ana Cláudia também ressaltou a importância dos alunos serem acolhidos e assistidos, dentro das escolas, em casos de violação de direitos.
 
REPRESENTATIVIDADE
As equipes das EMEFs José Loureiro da Silva e Erico Verissimo contaram as suas experiências inovadoras no combate ao racismo, com os alunos. Apesar de já trabalhar o tema do racismo com leituras, perceberam que precisavam de algo mais efetivo. Foi assim que surgiu a mala itinerante, repleta de bonecas negras, que ajudam a trabalhar a representatividade dentro das salas de aula. “Quando criança, eu tinha muitas bonecas, mas nenhuma se parecia comigo. Já adulta, a primeira vez que vi, numa loja de brinquedo, uma Barbie que se parecia comigo, eu me agarrei nela e levei pra casa, o que foi muito significativo para mim”, conta Adriana Antonello, coordenadora pedagógica da Escola José Loureiro. A mala começou com uma coleção de oito bonecas e, com o passar do tempo, a coleção só foi aumentando e o trabalho já completa 4 anos, contando também com bonecos super-heróis.
 
“Todos os relatos que estamos compartilhando aqui são muito importantes, pois muitos professores já passaram por situações parecidas”, explica Andréia Vieira, coordenadora pedagógica da Escola Erico Verissimo, afirmando que todo conhecimento do seminário será convertido de forma positiva nas vivências das escolas. “As crianças se enxergarem nas princesas negras e nas bonecas, o que colabora muito para a autoestima, através da representatividade”, finaliza ela.
 
INCLUSÃO
A professora Karen Oliveira, da EMEF Erico Verissimo, apresentou a boneca Cristina e seu amigo Cristino. Ambos são figuras muito importantes para os pequenos que convivem com eles, em diversos momentos, como na horta, nas aulas, sempre com cuidado, respeitando as diferenças e demonstrando empatia, de forma espontânea e divertida. “Falar de forma natural sobre a questão racial e inclusão, esse é o papel da Cristina e do Cristino, pois as crianças reproduzem o que elas vivem.”
 
CAPOEIRA

O trenel da Escola de Capoeira Angola Raízes do Sul, Roger Casemiro Ferreira, apresentou, na prática, a importância da capoeira na escola. Fez uma roda de capoeira com os estudantes da EMEF Doutor Glênio Peres. Roger conta que a capoeira teve origem em diversas manifestações da cultura africana e foi desenvolvida no Brasil e espalhada a cerca de 166 países. A manifestação cultural foi reconhecida pelo Instituto Brasileiro do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2008, tendo seu registro como Patrimônio Nacional.
 
“Sendo a capoeira reconhecida nacional e internacionalmente, é necessário possibilitar o acesso de crianças e adolescentes aos estudos e às práticas, principalmente aos conhecimentos dos grandes mestres, dos primeiros movimentos ou técnicas dessa luta e filosofia de vida, que são vivenciadas pela Capoeira Angola”, completa Roger.

COMUNIDADES
A Mestre Thaynara Oliveira explanou sobre as comunidades quilombolas – Compreendendo as comunidades quilombolas, compartilhando perspectivas de valores étnico-raciais para a construção de uma sociedade antirracista. “Aqui, no Rio Grande do Sul, tem 105 comunidades quilombolas. Em Viamão, são três comunidades. Elas expressam um movimento de resistência, contam suas histórias, preservam o meio ambiente e acolhem quem as visitam”, conta.
 
ABERTURA
Na abertura oficial do evento, o secretário de Educação, Elton Ferreira, destacou que já levou para o Ministério Público a boa prática da EMEI Cisne Branco e que está estudando para levar esse modelo para as outras escolas.
 
O prefeito Nilton Magalhães disse estar muito feliz em participar do evento. Falou que o local é um espaço múltiplo para receber diversas atividades, sendo que esse foi o primeiro seminário a acontecer ali, marcando na história. Nilton trouxe o percentual de negros na população gaúcha, que é de 22% e da população carcerária, que é de 33%. “Os números devem ser iguais. E ainda dói mais ainda quando trazemos o percentual de 60% da população que ainda se diz racista. Quero crer que em Viamão não exista percentual racista. Nossa raça é humana. Somos iguais”, fala.
 
No turno da noite, atividades foram desenvolvidas junto aos alunos da EJA, nas escolas Farroupilha e Luciana de Abreu. As Doutoras Alessandra Boulanger e Adriana Rodrigues falaram sobre a legislação como instrumento de combate ao racismo. A Doutora Luciana Conceição abordou o tema “Educação para as relações étnico-raciais no cotidiano escolar”. Também foi ministrada a palestra “Racismo e injúria: a equiparação e seus reflexos na sociedade”, pelos Doutores Raquel Porto Alegre e Juliano Sampaio.

 
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