Na noite desta quarta-feira, dia 13, a Secretaria Municipal de Educação promoveu uma capacitação de matemática a uma turma de 120 professores de séries iniciais que fazem parte do programa Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. A formação aconteceu no auditório do Walter Graf e foi ministrada pela mestre em educação pela Ufrgs, Ana Cristina Rangel, que também é pesquisadora e autora de diversos artigos e capítulos de livros sobre educação matemática. Ana Cristina é autora do livro Educação Matemática e a Construção do Número pela Criança, obra que embasa os jogos da coletânea Matemática da Minha Vida.
O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa é um compromisso formal assumido pelos governos federal, dos estados e municípios de assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas até os oito anos de idade, ao final do 3º ano do ensino fundamental. De acordo com a secretária de Educação, Maria Clarice de Oliveira, a transformação da realidade educativa exige uma formação diferenciada e qualificada do educador, especialmente daqueles que atuam nos primeiros anos do Ensino Fundamental, quando as crianças ingressam na cultura escolar e constroem o papel de ser aluno.
Uma pesquisa realizada pelo pesquisador Freitag, em 1984, verifica que a maioria das crianças de seis a nove anos ainda não possui o pensamento operatório concreto estabilizado. Somente 11,2% das crianças estudadas demonstraram ter construído as operações lógicas características desse nível, enquanto que as restantes ou apresentam características do pensamento pré-operatório (8%), ou estão no período de construção dessas estruturas (78,8%). Para a palestrante, o conhecimento lógico-matemático é uma construção que resulta da ação mental da criança sobre o mundo, a partir de relações que a criança elabora na sua atividade de pensar o mundo, e também das ações sobre os objetos.
Afinal, como a criança constrói a significação do número, como aprende a notação numérica e como amplia o campo numérico em diferentes práticas sociais? Quais as concepções pré-operatórias das crianças em relação ao número, à representação da quantidade e à notação numérica? E como modificam suas concepções até a construção das significações operatórias? A matemática tem urgência em ser ensinada como instrumento para interpretação das coisas que rodeiam nossas vidas e o mundo, formando assim pessoas conscientes para a cidadania e a criatividade, explica.
Para Ana Cristina a matemática deve ser articulada com a aprendizagem de outros conteúdos da língua falada e escrita, para compreender a relação fonema e grafema. Nesse sentido, o pensamento matemático é fundamental para a criança estabelecer relações quantitativas, correspondência termo a termo, relações de semelhança e de ordem, refletindo sobre as propriedades da língua falada e escrita, bem como para a análise das propriedades topológicas dos traçados das letras, encerra a mestre em Educação.
Na próxima quarta-feira, dia 20, a mesma formação será proporcionada ao restante dos professores que fazem parte do programa Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, cerca de 130 pessoas, a partir das 18 horas, no auditório do Walter Graf (rua Marechal Deodoro, 220, Centro).