Não é de hoje que os animais silvestres encontraram abrigo na Fazenda Quinta da Estância, na Estância Grande, em Viamão. Desde 1996, a propriedade é referência em criadouro conservacionista, sendo o primeiro do Brasil.
A Fazenda também é área de recepção e soltura de animais silvestres apreendidos. “Desde 1996, estamos realizando o trabalho de recuperação de animais silvestres, cem por cento voluntário. Recebemos os animais envolvidos com o tráfico de animais silvestres, recuperamos e, através de aprovação do Ibama, eles podem ser soltos, posteriormente, no seu ambiente natural, explica o diretor da Quinta da Estância, Rafael Goelzer.
O diretor conta que se surpreendeu com a situação inusitada do prédio do Ibama ser evacuado por conta da enchente. “Eles estavam com muitos animais apreendidos e o Ibama nos ligou para ver se poderíamos receber esses animais num ambiente longe do estresse, de forma adequada, com cuidados veterinários e alimentação adequada. Nós aceitamos e recebemos, no mesmo dia, dezenas deles. Vieram papagaios Charão, Maitacas do Peito Roxo, Papagaios Verdadeiros, Marrecas de Coleira e Tartarugas, entre outros.”
A Quinta da Estância faz um trabalho de readaptação de animais silvestres para que sejam soltos novamente em seu ambiente natural.
Topografia privilegiada
Essa é a maior tragédia climática que o Rio Grande do Sul já viveu. Viamão tem uma topografia privilegiada e não foi afetado com as enchentes. “Então, a única coisa que a gente poderia fazer é voltar toda a nossa atenção e nossos esforços para mitigar um pouco dessa crise climática. A gente sabe que as necessidades são ilimitadas neste momento e que milhares de pessoas foram impactadas. A gente tenta só reduzir um pouco a dor, reduzir um pouco a perda dessas pessoas”, ressalta Goelzer.
Além de abrigar os animais silvestres, a Quinta da Estância também doou alimentos para a produção de marmitas, produziu lanches para mais de 2.000 pessoas, doou 50 colchões, roupas, cobertas, mais de 600 mil litros de água potável, levou seus funcionários e colaboradores para doação de sangue no Hemocentro e hospedou equipes de resgate de helicópteros da PRF, que atuaram no resgate das vítimas, com reversão dos valores das diárias para campanhas de auxílio às famílias atingidas. “Temos que também ser protagonistas dessa mudança. A união e a solidariedade movem o mundo e o Rio Grande do Sul precisa de nós”, encerra Rafael Goelzer.