O projeto “Escritor na Escola”, que iniciou em abril, trouxe na manhã desta terça-feira, dia 3 de julho, ao auditório do Centro de Formação Profissional Walter Graf, o escritor Fábio Monteiro, autor dos livros “Sertão”, “A Menina que Contava” e “Cartas a Povos Distantes”, que estão sendo trabalhados em sala de aula. Monteiro ministrou uma oficina aos professores de todas as 62 escolas municipais. Para ele, o livro é peça fundamental na formação das crianças e jovens. "Neste aspecto, ele cumpre um papel que os conteúdos conceituais na escola não cumprem. Ele tem a função de fazer com que a criança aprenda e exercite a imaginação, a fantasia, e pegue gosto pela leitura como um todo. E mesmo numa era digital, os livros impressos seguirão potentes, pois ele é um lugar de encontros. Ele serve para nos encontrarmos, encontrar ao outro, boas histórias, locais inimagináveis, e assim possamos nos conhecer melhor, o que nos cerca e cada vez mais querer habitar estas histórias."
Fábio Monteiro é autor de livros literários para a infância e juventude, professor de História e coordenador pedagógico. Na oficina, o escritor mostrou imagens de várias infâncias e instigou os professores a escreverem sobre suas infâncias e de outras crianças. “Convido vocês a terem um olhar crítico em relação à infância na atualidade e a construção de uma narrativa que possa convidar o leitor a pensar sobre seus dilemas e a imaginar tempos mais profícuos, a remexerem seus baús.” Divididos em grupos, os professores escreveram histórias usando suas fantasias, poesias e experiências. O resultado foi surpreendente: diversas realidades e pontos de vista.
Monteiro destaca que tão importante como a obra, são as imagens ou ilustrações. Sobre o livro “Cartas a Povos Distantes”, o escritor disse que muito desejava tocar nesse tema, por ser uma possibilidade em dialogar com uma geração de jovens cuja tela do computador/celular é mais vista que os olhos de amigos, pais e irmãos, num tempo de relações voláteis, num tempo de tantas confusões ideológicas, políticas e segregações raciais e desrespeito as diferenças. “Foi uma chance em pensar sobre a importância das amizades verdadeiras e como o outro é importante e deve ser apreciado e valorizado na nossa vida.”
O escritor encerrou a oficina motivando os professores a instigarem cada vez mais seus alunos. “A escola é lugar para livros complexos, gerando debates complexos, onde o professor é o mediador das opiniões.”