Falar, muitas vezes, não é o suficiente. É preciso conhecer, vivenciar e tirar as suas próprias conclusões. Assim, a Fundação Telefônica Vivo trouxe para Viamão as cinco escolas que desenvolvem modelos inovadores de ensino e aprendizagem com o uso de tecnologias: EMEF Desembargador Amorim Lima (SP), Presidente Campos Salles (SP), EM André Urani (RJ), EM Manoel Domingos (PE) e EMEF Maria Luiza Fornasier Franzin (SP). Elas vieram participar do 6º Encontro de Integração das Escolas Inovadoras e visitar a EMEF Zeferino Lopes de Castro, que também está inserida no projeto.
A Fazenda Pedagógica Quinta da Estância foi o local escolhido para sediar o 6º Encontro. O Instituto Tellus está desenvolvendo a técnica de design thinking com o grupo. Nos encontros passados, que aconteceu nas cidades envolvidas, foram trabalhadas as etapas: entender, observar, definir, idealizar e prototipar. Agora, será a vez dos educadores trabalharem a etapa testar. Durante dois dias, os representantes das seis escolas públicas que integram o restrito grupo de 1% das unidades escolares com a melhor conexão do país - estarão reunidos para pensar e compartilhar coletivamente soluções para os desafios que enfrentam e potencializar a inovação em cada uma das escolas, explica a analista de projetos da Fundação Telefônica Vivo (FTV), Regina Calia.
A diretora Pedagógica da Secretaria Municipal de Educação (SME), Luciane Fraga, e as assessoras pedagógicas Cleo Sörgen, Jaice Hendler e Patrícia Santos também participaram do evento. A SME, além de dar todo apoio para que a Zeferino consiga inovar, também está levando a inovação para as demais escolas da rede. Adquiriu tablets para todos os professores e disponibilizou laboratórios móveis para as 61 escolas da escolas da rede. Os equipamentos auxiliam o professor a planejar suas aulas e os alunos podem realizar pesquisas e utilizar aplicativos para facilitar o aprendizado.
Nos inspiramos no modelo da Zeferino Lopes de Castro e desafiamos mais oito escolas para inovar na educação. Temos duas que estão trabalhando a robótica: EMEF São Jorge e EMEF Jerônimo Porto. Outras duas estão trabalhando o meio ambiente: EMEF Frei Pacífico e EMEI Cisne Branco. E ainda temos a EMEF Presidente Getúlio Vargas, que trabalha a arte, a EMEF Jardim Outeiral, que trabalha a musicalidade, a EMEF Felisberto da Costa Nunes, com a vivências do e no campo, e a EMEF Santa Isabel, que trabalha com as tecnologias, fala Luciane. Além desses projetos, a SME também aderiu à plataforma de alfabetização Conecturma, da Aondê Educacional, e, por último, está participando do Juntos, mobilizado pelo Laboratório de Inovação Educacional (LABi).
Regina destaca que a Secretaria de Educação de Viamão é exemplo a seguir pelos outros municípios. Não adianta nós planejarmos e propormos ideias, se não houver o apoio da Educação de cada município. Todos tinham que seguir o exemplo de Viamão, na qual a Secretaria permitiu que houvessem as modificações necessárias no currículo escolar e que fosse implementado turno integral para professores e alunos para que a escola pudesse inovar. Nós, da Fundação Telefônica, plantamos a sementinha. Os municípios devem fazer o projeto vingar e dar frutos. Esse é o exemplo a seguir.
3ª Mostra Zeferino
No sábado (05/11), pela manhã, as escolas conheceram de perto como a EMEF Zeferino Lopes de Castro, inserida na zona rural, consegue ser exemplo de inovação. A Zeferino faz parte do projeto da Fundação Telefônica/Vivo Escolas Rurais Conectadas, desde agosto de 2013. Os professores participaram da 3ª Mostra de Projetos 2016, que tem como inspiração a saída disparadora para o Hospital Colônia Itapuã, local onde hoje residem 32 pacientes internados no século passado com hanseníase e transtornos mentais, esquecidos pelos familiares, e o Curió (do jardim ao 3º ano), visitaram o Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar), na cidade de Imbé.
A escola Zeferino passou por uma grande transformação depois de receber um laboratório do programa Escolas Rurais Conectadas, que visa qualificar a aprendizagem dos estudantes e ampliar suas perspectivas de futuro, ao favorecer o desenvolvimento de competências do século 21 com foco em comunicação, colaboração, pensamento crítico e criativo, resolução de problemas, fluência digital, autonomia e pensamento lógico-matemático. Os professores trabalham com projetos de aprendizagem, sem a tradicional divisão em anos escolares. O aluno formula perguntas, busca respostas e elabora teorias explicativas para temas que o mobilizam, sempre apoiado pelo professor, que alia à função de especialista os papéis de orientador e ativador da aprendizagem. Os estudantes também desenvolvem Momentos de Ensino de Conceitos, em que os alunos são distribuídos em turmas, de acordo com o ano que frequentam, para a aprendizagem de conteúdos e conceitos estruturantes das diferentes áreas do conhecimento.
O coordenador pedagógico, João Paulo Pontes, da EMEF Maria Luiza Fornasier Franzin, da cidade de Águas de São Pedro (SP), escola que atende 200 alunos, do 6º ao 9º ano, está encantado com a proposta da Zeferino. Temos planos para o próximo ano letivo de implantarmos uma proposta desafiadora como esta, na qual o aluno escolhe o que quer aprender. Somos uma escola de turno integral e queremos desenvolver em um turno os projetos para integrar e desenvolver a autonomia dos alunos. Já desenvolvemos algumas oficinas no turno inverso ao letivo, como gastronomia, música e robótica, mas queremos que os alunos tenham gosto por aprender.
Já a professora do Ginásio Experimental de Novas Tecnologias Educacionais André Urani (Gente), que atende estudantes do 7º ao 9º ano, do Rio de janeiro (RJ), Luana Rezende, disse estar apaixonada pela escola Zeferino. É tudo o que sempre sonhei para a educação. As crianças aprenderam e sabem se expressar para contar o seu projeto. Hoje estou renovando a minha fé na educação. Estou com a alma lavada. Eles têm o conhecimento internalizado. Este é o caminho da educação contemporânea. Estou filmando tudo e quero mostrar isso para os meus alunos, com as explicações deles.
Projetos
O público tinha 25 projetos para conhecer e votar em quatro que mais gostasse. A boca de urna era livre e os estudantes entregavam papeis com os números de seus projetos, tentando convencer o visitante a escolher os seus. Uma curiosidade dos alunos da educação infantil encantou a todos: Por que o pinguim não sente frio no pé? Pois bem, os pequeninos estudaram anatomia e constataram que o pinguim não sente frio no pé porque tem pouca circulação sanguínea nas suas patas.
Outra curiosidade pelos pequeninos foi Como funciona o catavento para fazer energia?. Na saída ao litoral o que chamou mais a atenção deles foram os enormes cataventos. Na sua maquete, havia um ventilador que produzia vento, fazendo mover os cataventos, formando energia e conduzindo a um circuito de leds que ligava com o rodar das hélices.
Mais um projeto destaque foi a construção de uma prensa eletrônica para produzir queijo. A criação de uma linha do Catamarã, em linha reta, da Praia das Pombas até a Usina do Gasômetro, em Porto Alegre. O tempo para o percurso de 20,87Km seria de 35 a 46 minutos. Hoje o mesmo percurso, por terra, é de cerca de duas horas. Muitos estudantes fizeram seus projetos sobre a doença hanseníase, mostrando como ela afetava o corpo, como entrava na corrente sanguínea. Mas, um grupo trabalhou o lado emocional da doença para a pessoa. Mostrava, através de imagens e espelhos, como sua pele se transforma e como ficaria a sua aparência. Quem passou, disse que a experiência foi chocante. Acompanharam a visita à Mostra as assessoras pedagógicas Carla Santanna, Cíntia Kath, Cleo Sörgen e Maria de Lourdes Bondan.
A diretora da EMEF Zeferino Lopes de Castro, Rosa Maria Stalivieri, estava muito feliz em poder mostrar para os visitantes de outras cidades o que já havia falado nos outros encontros. É difícil falar e nos fazer entender. Acredito que esta visita inspirará muitas escolas. Nosso diferencial é que conseguimos engajar todos nesta proposta: Secretaria de Educação, Fundação Telefônica Vivo, Hardfun, equipe diretiva, professores, alunos e pais. Todos têm que estar de acordo e serem facilitadores do processo, encerra.