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O Programa Singulares, que vai ao ar todas as terças-feiras às 20h30 pela TVE, gravou na manhã desta quinta-feira, dia 7, a história de Cassemiro Antônio Chaves, 53 anos, que trabalha há 30 anos como coveiro no Cemitério Dois de Novembro. O Singulares mostra personagens anônimos que circulam pelas ruas e que fazem parte do folclore das cidades. Cassemiro é folclórico em Viamão. Durante todos os 30 anos dedicados ao serviço, o coveiro já realizou cerca de 10 mil sepultamentos. Em abril, mês que completou três décadas dedicados ao Cemitério Velho, Cassemiro foi tema de reportagem do jornal Diário Gaúcho e entrevistado na Rádio Farroupilha. A homenagem partiu dos colegas de trabalho, em especial do diretor do Departamento de Cemitérios, Mauro Rossal Carvalho.

"O mais difícil foi lidar com a morte. No início era ruim, eu sonhava de noite. Ficava pensando nos sepultamentos. O pessoal (familiares dos mortos) chorava e eu tinha que me segurar para não chorar junto. Mas hoje é como qualquer outro tipo de serviço", explica o profissional que, embora trabalhe nos outros cemitérios da cidade, conhece cada uma das 25 quadras do 2 de Novembro.
Histórias curiosas
Durante a carreira, Cassemiro acumulou muitas histórias curiosas, enquanto acompanhou a rotatividade de vários colegas — que desistiam do serviço quando havia necessidade de exumação (desenterrar) pela falta de condições emocionais. "Uma delas, enterraram um amigo e colocaram uma garrafa de cachaça dentro do caixão. Quando foi feita a exumação, pegaram a garrafa, lavaram e saíram bebendo", conta.

Personalidades enterradas no local
No Cemitério 2 de Novembro, estão enterradas personalidades como o tradicionalista Gildo de Freitas, três prefeitos de Viamão (alguns inclusive foram sepultados por Cassemiro), a Baronesa de São Lucas (que recebeu um dos últimos títulos de baronato concedidos na História. Chamada de Maria Felícia Escovar, viveu de 1857 a 1920, e foi casada com o Barão de São Lucas, Pedro Pereira de Escovar) e alguns coronéis, isso no tempo em que os enterros eram feitos a sete palmos — hoje ficam apenas 1m debaixo da terra.
Hoje o coveiro atua na supervisão. Mesmo não realizando sepultamentos há quatro anos, sempre que preciso ele ajuda na tarefa, para não perder o jeito. Enquanto as histórias curiosas podem atrair a atenção de alguns espectadores, outros fogem de Cassemiro. Num armazém perto da casa dele, por exemplo, um vizinho sempre dava um jeito de sair assim que o coveiro se aproximava. A esposa dele, Zélia Maria Reis de Oliveira, 52 anos, com quem ele é casado há 33 anos, trata o cemitério como qualquer outro ambiente. Inclusive, às vezes é contratada por algumas famílias para limpar e pintar túmulos.