Uma proposta que iniciou de forma experimental, ao final das aulas, está conquistando espaço na EMEF Dom Diogo de Souza, localizada no Valença. Após as suas aulas de matemática, para as turmas do 7º, 8º e 9º anos, o professor Bruno Rogério Régio, trouxe tabuleiros de xadrez para ver como seria a aceitação por parte dos alunos. O xadrez é um jogo, onde movimentamos peças sobre um tabuleiro 8x8, com o objetivo de capturar o Rei do adversário. Há muita matemática, pois possibilita ao aluno solucionar problemas, compreender as técnicas, aprender noções de cálculos e geometria, memorização e criatividade de forma lúdica. O desenvolvimento da partida, com a integração das peças e os cálculos das jogadas exercitam o raciocínio lógico e a imaginação, assim como a escolha do próximo lance valoriza sua iniciativa e autonomia, explica o mestre.
O professor Bruno conta que jogava xadrez antes, mas sem pretensão alguma, só como passatempo. Os alunos o estimularam e o professor começou a estudar as estratégias do jogo para poder propagar o conhecimento aos alunos. Além disso, foi por meio do jogo de xadrez que o professor despertou o desejo de aprender matemática, levando os educandos da EMEF Dom Diogo de Souza a se consagrarem campeões de Xadrez, no dia 30 de abril, em Alvorada.
O professor relata que as meninas não tinham interesse no jogo, mas viam que os meninos participavam e, a partir dessa observação, passaram a se interessar pelo jogo e a se preparar para a competição. Do grupo de 12 alunos que foram selecionados para participar da competição em Alvorada, três eram meninas. A ideia é treinar mais e aumentar o número de componentes para cinco, por categoria. A partir do jogo, todos estão se sobressaindo em matemática. Muitos já gostavam da disciplina, mas com o xadrez, estão brilhantes, reforça Bruno.
A diretora da EMEF Dom Diogo de Souza, Márcia Roldão, ressalta que todos na escola estão muito orgulhosos pela importante conquista dos alunos. Além de estimular o desenvolvimento do raciocínio lógico, o xadrez está aumentando a autoestima e a autoconfiança dos alunos adeptos ao esporte. Nossa escola está muito orgulhosa dessa importante conquista. Queremos levar este projeto para as séries iniciais, introduzindo os alunos desde o 1º ano no jogo. Com isso, acreditamos, que irá proporcionar maior concentração e desenvolvimento do raciocínio lógico, explica a diretora.
Segundo o professor de matemática, o desenvolvimento do raciocínio lógico é uma consequência. Com o xadrez aprendemos a prever o que vai acontecer, pois a técnica o faz pensar além, três jogadas antes. Trazendo para a vida, isso os ajuda a pensar nas consequências de seus atos. Se agir assim, terei essa resposta. Se agir de outra maneira, minha resposta será outra. Os tablets, que a escola recebeu da Secretaria Municipal de Educação, tem contribuído para o treinamento. Baixamos os aplicativos e as crianças estão adorando descobrir novos desafios, destaca Bruno.
Campeonato
A participação no 1º campeonato da Ong Embrião, realizado na EEEF Brigadeiro Antônio Sampaio, em Alvorada, dia 30 de abril, destacou quatro alunos como campeões em suas categorias, num total de quase 100 enxadristas. Rafaela Anchieta, estudante do 9º ano, conta que, inicialmente, ficou muito nervosa durante a competição, mas depois foi se situando e se concentrando, conseguindo vencer os adversários. Jogar xadrez é um desafio, pois não sabemos o que vai acontecer. Com o tempo, conseguimos analisar a situação e antecipar mentalmente as jogadas. Isso ajuda no dia a dia. Muitas vezes não sabemos como vamos resolver um problema. Então, paramos, pensamos nas atitudes possíveis a tomar e conseguimos pensar o caminho certo a seguir.
Outro exemplo é Wesley Dias Gomes, 9º ano, que já está pré-classificado para os Jogos Escolares do Rio Grande do Sul (Jergs). Em Alvorada, Wesley competiu com uma pessoa cega e teve que se adaptar ao tabuleiro diferenciado. O estudante foi o melhor classificado pela escola no Jimv de 2015, recebendo o 4º lugar no final da competição. O que mudou na sua vida? Wesley agora pensa antes de agir e se considera ponderado. O xadrez aguçou meu raciocínio lógico e agora me considero muito bom em matemática.
Um bom enxadrista deve ser capaz de visualizar várias jogadas à frente, sem mover as peças, até confiar em uma determinada linha de jogo. Da mesma forma, um bom matemático precisa abstrair o problema em sua mente, tratando de descobrir sua essência, apenas representando-o no papel quando encontrar a melhor forma de resolvê-lo. O cálculo é uma ferramenta indispensável no Xadrez e na matemática, ainda que sozinho não leve a uma só solução. Ele deve ser acompanhado de valores que lhe indiquem o caminho a ser seguido, finaliza o professor de matemática.
Professor Bruno ensinando uma nova estratégia de jogo.
Wesley, à esquerda, praticando o esporte