“Quem se habilita a colocar a mão na massa?” – pergunta Fabiana Prudencio, oficineira de culinária do Programa Nacional de Promoção ao Acesso ao Mundo do Trabalho (Acessuas). Dona Isolina Alves de Jesus nem pensou e já foi levantando e, literalmente, colocando a mão na massa. “Aqui, com as gurias, eu me sinto muito bem! Adoro aprender e conversar com essas mulheres!” Dona Isolina mora no Valença e está inscrita no Programa de Atendimento Integral às Famílias (PAIF) do Cras Centro/Tarumã. Ela se considera experiente no ramo da culinária. “Faço bolo, salgadinho e pães. Já fui cozinheira e, também costureira”, completa.
Dona Isolina e outras 15 mulheres participaram das Oficinas de Empoderamento, Culinária e Empreendedorismo que a Secretaria Municipal de Cidadania e Assistência Social (SMCAS) realiza, através do Acessuas, junto às famílias que são atendidas pelos Cras. Foram quatro encontros, nos quais as mulheres puderam aprender, na prática, receitas de bolos de laranja e cenoura, enroladinho de salsicha, pães, salgados e noções de microempreendedorismo.
“Para que as mulheres possam comparecer aos encontros, seus filhos participam, no mesmo local, da oficina do Serviço de Convivência, que promove brincadeiras, jogos e integração”, informa a coordenadora do Cras Tarumã, Rita Lima. “Assim, elas conseguem se organizar com as crianças e participar das oficinas”, continua Rita.
Virando o jogo
O casal Sheila e Maico Guimarães, fundadores do Instituto Virando o Jogo, trouxe para o grupo noções de empreendedorismo com base na realidade delas. Enquanto a massa folhada descansava para crescer, o casal contou a sua trajetória de vida e como eles viraram o jogo.
Luana Chaves, moradora do Valença, se identificou muito com o que Maico ia falando. Luana conta que gosta de vender. “Já vendi muitos panos de pratos na sinaleira e ganhava bem, mas não era eu quem fazia os panos e nem eu quem os comprava para vender. Eu apenas vendia, mas não sabia administrar o dinheiro.”
O palestrante explicou que é preciso ter um foco e tratar o trabalho como um empreendimento. “Como a gente faz isso? Abrindo uma MEI. Aí, depois de um ano de contribuição, a gente está assegurado pelo INSS, com direito a licença saúde remunerada, licença maternidade remunerada e contribuindo para o fundo de aposentadoria”, explica Guimarães.
Luana conta que foi um grande aprendizado e que agora vai pensar no que pode fazer, ou qual ramo pode seguir. “Eu, hoje, sou dona de casa, mas quero muito ter uma vida melhor e vou pensar direitinho no que eu posso fazer para abrir a minha empresa. Vender é uma coisa que eu sei fazer e faço bem.”
Quando a palestra encerrou, a massa folhada já estava no ponto de ser aberta para moldar alguns salgadinhos. De forma conjunta, a produção começou a encher as formas e ir ao fogo, a 200ºC, para que a massa pudesse cozer e as famílias degustarem as delícias que ajudaram a produzir. As mulheres que participaram das quatro oficinas receberam certificado e agora estão aptas a iniciar o seu próprio negócio.