Violência doméstica, abuso, agressão. Estes foram alguns dos tópicos que a equipe do Centro de Referência à Mulher levou para debate na escola 20 de setembro. A capacitação foi realizada com professores e equipe diretiva. A assistente social Adriana Jacques apresentou os cinco tipos de violência que se enquadram na Lei Maria da Penha e traçou o perfil que mais recorre à Delegacia da Mulher.
Quais as violências
1- Violência física: agressão corporal, como socos, chutes, pontapés, prender em algum lugar, que deixe ou não hematomas. "Em muitos casos, o agressor bate com uma toalha molhada para não deixar marca, mas não importa, isso caracteriza agressão", garante a assistente social.
2- Violência psicológica: é a mais frequente e, segundo Adriana, é demora a ser percebida. Quando o agressor xinga, expõe, critica o corpo ou atitudes, faz julgamentos que baixam a autoestima.
3- Violência moral: quando o homem ofende a mulher em público. Se ele menospreza, humilha, deprecia com amigos, família, na frente dos filhos ou nas redes sociais. No último caso, prints e registros podem ser usados como prova contra o agressor.
4- Violência patrimonial: quebrar ou danificar objetos pessoais da vítima, como celular, roupas, veículo, mesmo que tenham sido presentes. Apropriação e retenção de documento pessoal também é classificado neste tópico. "O agressor pensa que ela precisa do documento para fazer o Boletim de Ocorrência, mas não é verdade. As delegacias são obrigadas a pegar o depoimento mesmo sem RG, porque é comprovado que muitas mulheres fogem sem ter como recuperar suas posses", conta Adriana.
5- Violência sexual: quando a mulher se sente coagida/obrigada a manter relações sexuais com o agressor por que ele exige, cobra, ordena. Também é classificado como este tipo de agressão ter em casa revistas, livros ou filmes pornográficos bem como obrigar a mulher a assistir (com ou sem as crianças em casa). "Esta forma de violência é mais comum do que se imagina, e provavelmente vocês têm, aqui, crianças que podem estar submetidas a ela", alerta.
Mas porque as mulheres se submetem a essa situação?
Na maioria dos casos, as mulheres que sofrem abuso dentro de casa são oprimidas, têm baixa autoestima, tem esperança que o companheiro vai mudar ou se contenta que a vida é assim. Elas costumam demoram a denunciar porque sentem vergonha, têm medo de ficar sozinha, de ser criticada e ser excluída da vida social ou da família. Segundo Adriana, o perfil dessas mulheres mudou. "Não é mais só a dona de casa de sofre agressão, nós recebemos no CRM mulheres formadas, que trabalham fora, muitas vezes provedoras do sustento da casa", conta a assistente social.
Por trás de cada denúncia, existe o desejo da mudança de comportamento. Para quem justifica a agressão por causa do uso abusivo de álcool ou drogas, Adriana tem um aviso: "o homem não agride a mulher porque bebeu ou se drogou. Ele agride porque é agressor. O álcool potencializa, mas ele é assim e não vai mudar".
Pesquisas e documentos comprovam que o agressor, muitas vezes, cresceu em um ambiente violento e reproduz o que via na infância. Assim como as mulheres vítimas sofreram algum tipo de abuso quando criança ou adolescente. É aí que a figura do professor pode ser transformadora. "O que vocês dizem fica marcado nas crianças, a importância dos trabalhos e conversas em sala é incalculável", afirmou Adriana. Ela, ainda, deixou um pedido: que trabalhos escolares e atividades com essa temática seja cada vez mais frequentes. Assim, mais famílias poderão ter a chance de vencer o ciclo de violência doméstica.